Quando esbarrei com meu sonho

Corria o ano de 96 ou final de 97, não me lembro direito ano, aceitei o convite de um amigo para ir a um leilão e, quando me dei conta, estava com as mãos ao alto. Não, não era um filme de bang-bang. Era eu dando lances em um leilão de cavalos quarto-de-milha e muito próximo de realizar o meu sonho. Lembro-me muito bem do primeiro esbarro, quando tudo começou. Meus olhos, de longe, esbarraram naquele cavalo baio, com a crina e rabo preto e eu não conseguia tirar um pensamento da minha cabeça: “O cavalo que eu sempre sonhei, não era uma ilusão, ele existia mesmo”.

Meio envergonhado, me aproximei e me apresentei ao rapaz que o estava montando. O rapaz simpático era o Paulo Koury Neto, o responsável pelos cuidados e treinamentos do meu sonho de cor baia. Conversamos. Eu disse que não era um criador de cavalos, apenas queria um cavalo que fosse bonito, forte e de cor baia para participar de desfile. Ele olhou bem para a minha cara e disse:

– Xará, este animal não é um cavalo de desfile ! É um cavalo muito mais que bonito. É um cavalo de Rédeas.

Bem, como eu não entendi nada, fui ao leilão.

De repente, as luzes se apagaram, o som ficou mais alto e, na pista do palco, eu vi mais uma vez o cavalo baio que continuava no pensamento, junto com a pergunta:

– O que será que é um cavalo de Rédeas?

Meu coração começou a bater mais forte, tinham começado a dar os lances. E como não poderia deixar passar a oportunidade que eu sempre esperei, também comecei a dar lances. E a cada lance meu, tinha alguém que dava outro. Mas chegou uma hora em que eu dei o lance e o leiloeiro ficou demorando muito falar o “doul-lhe três”. Quer dizer, era a impressão que eu tinha de tão ansioso que estava. Eu e minha mulher já estávamos nos abraçando para comemorar a compra, quando ouvi mais um lance e, em seguida o “dou-lhe três. Vendido para o senhor Jorge Tupinambá”. Eu havia deixado a grande chance escapar, o martelo já tinha sido batido.

Fiquei louco  e enquanto estávamos indo embora não me conformava com a demora do martelo durante o meu último lance.

Um tempo depois, em uma reunião dos criadores de cavalos de rédeas, o meu amigo Beto Duwell, mais conhecido como “Betão”, me disse que o cavalo do leilão e do meu sonho estava sendo vendido. Eu, como não estava acreditando, liguei para o Paulo Koury, que confirmou a notícia.

Em pouco tempo, consegui comprar o cavalo que eu tanto sonhei. Johnnie Walker Wood. O animal que me fez entender o que era um “cavalo de Rédeas”.

A partir daí, minha paixão pelo mundo do cavalo de rédeas me fez continuar a planejar e investir no que há de melhor em estrutura, alimentação treinamento e comunicação. É isso mesmo: comunicação. Pois eu havia feito um grande investimento e precisava de retorno, e se não fizesse isso não veria retorno algum. Percebi que no mundo do cavalo, o tal do “marketing”, muito comum nas empresas de hoje, não estava bem claro na cabeça dos criadores, que afinal de contas, como empresas também fabricam produtos. Escutei até gente falando que propaganda era um gasto a mais, e desnecessário, pois é a qualidade dos cavalos que faz  o criador vender. É lógico que qualidade é necessário, mas mostrar a qualidade é muito mais. O que quer dizer que propaganda e marketing são ótimos investimentos e não um gasto a mais. Mas cuidado!

A verdadeira técnica empregada no conjunto, cavalo e cavaleiro, exige habilidade, atenção, domínio, sintonia e precisão. Porque fazer marketing em cima de cavalo ruim, pode ser pior do que ficar quieto. Hoje eu tenho um cavalo que é super conhecido, porque é bom e porque foi mostrado do mesmo jeito que se mostra um cavalo de Rédeas: com habilidade, atenção, domínio, sintonia e precisão.

Pretendo continuar cada vez mais investindo em marketing, desde o incentivo aos meus funcionários até o incentivo dos meus clientes amigos. E recomendo que todos façam isso e, se, não souberem, que contratem alguém que saiba.

 

*Depoimento do criador Alexandre Novais ao site Quartistas

 

 

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