Restrições à carne brasileira

Quartistas-pecuaristas – NOTA À IMPRENSA


Sobre o caso das restrições da carne brasileira


Nos últimos anos, o Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC) luta para fortalecer e ampliar o trabalho de melhoramento sanitário  da pecuária de corte junto às autoridades governamentais brasileiras e internacionais.  Inclusive criamos uma Diretoria de Sanidade Animal para acompanhar de perto todos os procedimentos internacionais e nacionais referentes ao setor. Com isso conseguimos que a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) considerasse o Brasil um país com risco insignificante da doença Encefelopatia Espongiforme Bovina (EEB), popularmente conhecida como “vaca louca”.

 

Entretanto, o episódio recente da confirmação de um caso não clássico de BEE – aquele em que o animal é portador do agente causador da doença, mas o mesmo está inativo e, por isso, a morte do animal não é em decorrência dele – registrado há dois anos no Paraná, coloca novamente os holofotes no Brasil como foco da doença. Mesmo com a OIE reafirmando que continuamos com o status de risco insignificante, até o momento. Em fevereiro, a comissão científica da entidade vai reavaliar o status do Brasil, no rastro deste caso do Paraná.

Nossa entidade reafirma que não tivemos, não temos e não teremos registro de caso de “vaca louca” no nosso rebanho, uma vez que a esmagadora maioria do nosso gado (98%) é verde. E os produtores dos outros 2%, que estão em confinamento, respeitam as normas internacionais.

 

Nós estamos fazendo nossa parte, investindo recursos de forma contínua nos processos que garantam a sanidade animal. E inclusive estamos apoiando as autoridades dos países vizinhos ao Brasil para que não haja imigração da doença e tenhamos a América do Sul livre desta doença.

As restrições às importações da carne bovina brasileira por alguns países, que podem causar prejuízos na ordem de US$ 20 milhões/mês, levantam uma questão que deverá ser resolvida de forma urgente pelas autoridades do âmbito federal e, se necessário, junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).

 

Temos certeza que a presidenta Dilma Roussef, que tem envidado os maiores esforços para que a pecuária brasileira esteja entre as melhores do mundo, vai encarar de frente mais este desafio e colocar seus auxiliares do Ministério da Agricultura  e Pecuária (MAPA) para trabalhar neste sentido. Um País como o Brasil deve continuar investindo na ampliação dos recursos humanos e tecnológicos para que se possa acelerar os diagnósticos. Os produtores não podem ter ser pegos de surpresa com a informação.

 

Mais que colocar em risco as exportações deste item tão importante para a balança comercial, bem como os contratos futuros que estão em plena negociação, a divulgação nos faz refletir sobre o comprometimento das autoridades sanitárias do País. Afinal, dois anos para se ter o laudo de um exame laboratorial é inadmissível. O mundo atual exige resultados mais rápidos nos diagnósticos.

 

Isto demonstra, mais uma vez, que as reivindicações do setor para que se ampliem os investimentos em vigilância e inspeção sanitária e aos laboratórios não são descabidas, pois de nada adianta apenas um elo da cadeia fazer sua parte; é preciso que todos realizem seus máximos esforços para garantir que continuemos no caminho de até 2020 termos todo continente americano livre da febre aftosa e brucelose, entre outras.

 

Tirso de Salles Meirelles é  Presidente da Confederação Nacional da Pecuária de Corte (CNPC).

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