Régua lançada pela Embrapa ajuda pecuarista na qualidade do pasto

Quartistas-pecuaristas – A Embrapa Gado de Corte lançou semana passada mais uma variedade de forrageira tropical: o panicum BRS Zuri. A vantagem é que ela é resistente a um fungo que ataca o capim tanzânia, e o pecuarista pode usar a régua de manejo desenvolvida pela entidade para trabalhar com essa nova variedade. O manejo das pastagens é um dos grandes desafios de quem lida com a produção de carne bovina à campo. Se for errado, esse manejo compromete o desempenho dos animais e a qualidade dos pastos.

70 milhões de hectares degradados

 

– Dos 200 milhões de hectares que nós temos de pastagens, cerca de 60, 70 milhões se encontram degradados e boa parte dessa degradação se deve ao superpastejo, a quantidade excessiva de animais que é posta na pastagem – aponta Haroldo Queiroz, difusor de tecnologia da Embrapa Gado de Corte.

Régua de manejo

Para ajudar o pecuarista, a Embrapa Gado de Corte, que fica em Campo Grande (MS), desenvolveu uma régua de manejo. Nas cores vermelho e verde, estão indicadas as alturas de entrada e de saída dos animais. Com a régua em mãos, o pecuarista deve percorrer a área e comparar o tamanho da forrageira em vários pontos do piquete, para fazer a avaliação. Segundo o pesquisador da Embrapa, fatores como a região do país, a fertilidade do solo ou a quantidade de chuva não interferem no uso do instrumento.

Seguir a régua em todo canto do País

– O pecuarista pode seguir a régua se ele estiver no Pará, no Rio Grande do Sul ou em Mato Grosso. É a mesma régua. A arquitetura da planta não muda de acordo com a região, com a fertilidade do solo, nem mesmo com clima. O que pode mudar é a velocidade de crescimento desse material, o ponto mínimo e o máximo vai ser mais curto, demorar mais ou menos se tiver mais chuva, ou mais adubo. Vai mudar o tempo entre entrada e saída, mas não o tamanho ideal do capim. – explica o pesquisador.

Capins de várias espécies

Na régua estão as braquiárias xaraés, também conhecida como MG-5; a marandu, popularmente chamada de braquiarão; a piatã, a decumbens e a humidícula. E ainda os panicuns mombaça, tanzânia e massai.

– Tem outros capins, mas ainda não existe um consenso sobre altura de manejo, então optamos por não inclui-los na régua. Para estes capins que estão na régua existe consenso, tem bastante dado na literatura – diz Queiroz.

Mais uma cultivar lançada

 

Dos oito capins presentes na régua, seis foram desenvolvidos pela Embrapa Gado de Corte, que lançou, na semana passada, mais uma cultivar. Uma variedade de panicum, a BRS Zuri, que em língua africana significa bom e bonito. Em produtividade e valor nutricional, esta variedade é muito parecida com os outros panicuns, mas, segundo o pesquisador Rodrigo Amorim, tem a vantagem de ser resistente ao fungo Bipolaris maydis, que ataca principalmente o capim tanzânia, causando manchas nas folhas.

– Em áreas em que você tenha umidade no ar, umidade relativa muito alta, provavelmente você terá problema com o fungo no tanzânia, e esse material o BRS zuri é resistente a esse fungo – aponta Rodrigo Amorim Barbosa, pesquisador Embrapa Gado de Corte.

Ainda não está na régua de manejo

Por ser uma cultivar nova, a BRS Zuri não está na régua de manejo da Embrapa mas, de acordo com o pesquisador, a altura de entrada e saída dos animais é muito parecida com a do mombaça. Por se tratar de um panincum, é um capim que pede um solo mais fértil, e o pecuarista terá um resultado melhor se usá-lo em piquetes rotacionados. A BRS Zuri foi testada nos biomas cerrado e amazônico, com um desempenho em torno de 5% maior que os outros panicuns. A nova cultivar é mais uma opção a diversificação das pastagens brasileiras.

Diversificação de pastagem

– Nós trabalhamos com o ponto de vista de diversificação de pastagem, evitando o monocultivo. Então, quanto mais forrageiros se tem na propriedade, mais interessante e seguro será o sistema. No monocultivo, quando há tem um problema, se acaba perdendo toda a oferta de comida – aponta o pesquisador Rodrigo Barbosa.

A régua de manejo é comercializada por três empresas e custa de R$ 30 a R$ 50, dependendo do fabricante e material usado. As sementes da BRS Zuri também já podem ser encontradas no mercado. Fonte: Pecuária Rural

 

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