O trem, o boi e o Quarto de Milha

 

O apito do trem pode ter vários significados. Partidas, despedidas de um grande amor e até a chegada de uma nova era. Em meados do século XVII, o cavalo era o principal meio de transporte. No Velho Oeste, aquele que roubava cavalo, se fosse pego, acabava com o corpo pendurado pelo pescoço em uma árvore. Até o famoso cacique apache, Gerônimo (1829-1909), em seus sonhos visionários com os espíritos de seus antepassados, sentiu que uma grande mudança estava para acontecer, quando do alto da montanha escutou um som muito estranho.

 Alguns anos mais tarde, após travar memoráveis batalhas com os caras-pálidas, já preso pelo exército norte- americano, percebeu que aquele som perturbador que havia escutado era o apito de um trem. Ele havia pressentido a chegada das grandes ferrovias e no seu “lombo”, o trem. Contam os livros de história que, em 1824, o coronel John Stevens construiu e fez circular em sua propriedade, em Nova Jersey (EUA), uma máquina a vapor. Foi a primeira locomotiva dos Estados Unidos e da América (fonte: A História das Locomotivas).

 Elas viriam substituir os valentes cavalos que atravessavam o país nas lendárias caravanas, desbravando o Velho Oeste. Lógico que a história não chega de um dia para outro. Os anos corriam sob o barulho das construções das ferrovias e o cavalo foi perdendo seu valor como meio de transporte. Mas todo aquele “Trabalho” aprendido nos campos, na lida com o gado, corridas pelas ruas empoeiradas das cidades que se multiplicavam, além das grandes batalhas, não seria esquecido facilmente. Então, a sua história passou a ser contada nos filmes. E virou o grande astro no cinema, participando nas cenas de grandes aventuras. Em seu lombo: lendários cowboys. Numa segunda fase histórica, todo seu trabalho no campo foi transformado em provas hípicas, com regras organizadas pela American Quarter Horse Association (AQUA), fundada em 1940, e se espalharam pelo mundo, inclusive chegando ao Brasil pela King Ranch, na década de 50. Uma das principais empresas agropecuárias norte-americanas, ela se instalou no Brasil, na região de Presidente Prudente (SP) para criar gado.

 

 Quem iria tocar a boiada? Não havia no Brasil a raça com o tal  “cow sense”, o senso do boi. Então, importaram os primeiros cavalos Quarto de Milha para essa função. A partir daí, a história do Quarto de Milha começou no Brasil. Rapidamente a fama do cavalo se espalhou por todas as regiões do País. Passados todos esses anos e grandes momentos históricos, nessa semana de 15 a 21 de abril desse ano de 2013 (eu Moacir Russo, Abdalla Abib, Mara Iasi e os fotógrafos Miguel Oliveira, Gerson Verga e Fábio Cabrera, secretariados pela Daiane Barbosa da Silva), estamos trabalhando nas reportagens para a Revista Quarto de Milha no meio de 5.197 conjuntos (cavalos e cavaleiros). Mais um recorde de inscrições neste XXIII Congresso da Raça Quarto de Milha, na cidade de Avaré (SP), que agora também já faz parte da história da raça no País.

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