Nilson Genovesi analisa como foi o mercado QM em 2020 e suas perspectivas para 2021

A pandemia do coronavirus fez com que as pessoas, sentindo medo de serem afetadas por um mal maior, investiram mais no seu hobby preferido? Ocorreu um movimento migratório da cidade para o Interior e lá aumentou a procura e a diversão como o cavalo? Os leilões virtuais passaram a ser uma atração, pois o lazer ficou limitado com a epedemia? Essas e outras inúmeras questões, o leiloeiro Nilson Genovesi esclarece nessa entrevista exclusiva ao jornalista Moacir Russo. Profundo conhecedor de várias raças de cavalos e bois e grande expert desse mercado, o leiloeiro analisa com toda sua experiência e sabedoria como se comportou o Quarto de Milha em 2020 e suas perpectivas para 2021.
Quartistas – Em 2020, o mercado surpreendeu, apesar da pandemia?
Nilson Genovesi – Nós tivemos um ano além das expectativas, devido a todos esses problemas que sabemos. Vale a pena fazer um balanço sobre isso, o que eu senti no ano de 2020. As pessoas, por falta de alternativas, principalmente no início da pandemia, como lazer, concorrência, com futebol, shopping centers, teatro, cinema, elas ficaram mais focadas nos leilões, que foram transformados em virtuais. Aqueles que são adeptos do cavalo, os apaixonados, os criadores, proprietários, competidores, até pela falta de alternativa de dividir essa atenção, eles focaram muito no leilões.
Q – Aumentou a audiência na transmissão dos leilões?
NG – Houve um aumento significativo na audiência dos leilões. Os interessados tiveram mais tempo para analisar catálogos, vídeos, informações e isso trouxe uma sinergia muito positiva aos leilões. Dentro dessa audiência, eles ficaram muito concorridos. Eu, que trabalho mais com o cavalo de Corrida, nele ficou muito claro. Acho que passa na cabeça do cidadão também:

_ Poxa! vou me dar a possibilidade de manter o meu hobby. Me distrair, ter o meu cavalo.

É uma questão filosófica. A pessoa imagina: “Tanta gente morrendo e outras com problemas econômicos, então, se eu tenho uma reserva financeira vou me divertir, enquanto posso e realizar meus desejos.

Q – Neste ano de 2021, os leilões presenciais vão voltar com mais força ?
NG – Apesar de todo esse sucesso dos virtuais, a expectativa para 20021, o foco dos organizadores passou a ser novamente os leilões presenciais Alguns deles, de uma forma mais limitada, já haviam acontecido no final de 2020. E aí também, como eram pouco eventos e pessoas selecionadas, verdadeiramente interessadas, elas contribuiram para o sucesso desses pregões. Não sei se tivesse uma quantidade grande de leilões presenciais normais, como sempre ocorreu, se teriámos também os mesmos resultados na média como nós tivemos naqueles poucos leilões que foram presenciais, embora com menos público, mas altamente selecionado.
Q -Os leilões live meio presenciais fizeram sucesso?
NG – Sim e os promotores viram com bons olhos os resultados nos leilões “mais ou menos presenciais”, vamos chamar assim. Então, eles estavam voltados agora em 2021 novamente a eles. Acreditando, talvez, que iriam agregar valores. Tenho minhas dúvidas, pelo que já expliquei. Acho que tantos os virtuais com os presenciais, dependem antes de mais nada da qualidade que está sendo ofertada e de se conseguir ter aquele público focado no evento.
Q- Esse é o segredo para que isso ocorresse?
NG – Esse é o grande segredo para qualquer negócio. Precisa ter o público focado. Em relação a 2021, os leilões deverão terão uma quantidade maior, porque é uma tendência que se verifica há vários anos, com a entrada de novos criadores, competidores, com isso ocorrerão mais eventos e também pela facilidade que ficou patenteada em 2020 em realizá-los de forma virtual e com ótimos resultados.
Q -Como se dará isso?
NG – Por exemplo: Um criador que faça um leilão presencial, ele não terá nenhum receio de realizá-lo com pouco mais de cuidado com a tropa que está vendendo e também organizar ou participar de um virtual com um segundo time ou terceiro. Com aqueles animais que ele precisar descartar. Então, quem fazia um, poderá fazer dois, três. Pelo menos, ajudar na formação de um segundo, terceiro leilão, colocando alguns animais. Então, a quantidade de leilões certamente aumentará.

Q – Parece que as Corridas vao aumentar muito em 2021…
NG – Em relaçao à modalidade de Corrida, onde milito mais, vejo talvez até, relacionado àquele fenômeno filosófico que eu disse mais acima, da pessoa querer se divertir, valorizar seu hobby, observo muito mais vontade de se promover as Corridas no Brasil todo. São hipódromos que estão surgindo, retas, desde o Norte do País, onde a gente não imaginava que tivesse, como no Amazonas, Pará, além do Nordeste todo se fortalecendo, Piaui, Pernambuco, Estado Bahia, no oeste baiano, onde as corridas são muitos fortes. Também no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul. Mesmo no Rio Grande do Sul, que sempre foi um reduto de cavalo PSI, também está começando a promover mais corridas de Quarto de Milha.
Q – A América do Sul também vai contribuir com esse crescimento?
NG – A América do Sul vem sempre importando nossos cavalos e a corridas também estão crescendo nesses países. Para termos uma ideia, hoje (17-1) está ocorrendo uma corrida de QM no Uruguai no Hipódromo de Maroñas, no festival mais importante do turfe uruguaio. (Enquanto essa matéria esta sendo editada, o cavalo brasileiro Good Jumpim MRL, de criação do Haras Portofino, vencia o Challenge do Uruguai). Por tudo isso, vai ter muita demanda. Ah!…Faltou ainda área de Ponta Porã, Paraguai, onde vários eventos já estão marcados. Então, na Corrida vai ter muito interessados e aumento no volume de vendas.

Q – Como se comportarão as outras modalidades de Trabalho?
NG– Acredito que o crescimento também se transfira para outras modalidades. Na de Trabalho, com mesma filosofia de mais procura por lazer seguro, as famílias também se envolverão mais no meio rural e nas provas de Tambor. Com essa pandemia, muitas familias procuraram condomínios nas cidades próximas à Capital, para passear e até para morar, utilizando cavalos para várias modalidades. No cavalo de hipismo ocorreu um aumento absurdo. A iniciação nesse esporte começa com a participação das crianças, da família. Nesse caso similar, no Quarto de Milha, é no Tambor, onde a meninada inicia por volta dos cinco anos com a família também atuando.
Q – Em algumas delas haverá estagnação?
NG – Já nas modalidades profissionais, como Vaquejada, Apartação, mesmo no Laço, tenho um pouco de receio, não de alguma queda, mas que não vá no mesmo ritmo de crescimento dessas outras modalidades. Talvez alguma se estabilize. A Vaquejada, por exemplo, depende não só da competição, mas também de grandiosos eventos com muito forró e reunião de inúmeras pessoas. Então, pode ser que isso, enquanto os eventos não estiverem totalmente liberados, a gente não sinta uma força tão grande nesse mercado. Tá bom meu amigo! Eu me alonguei. Mas quiz trazer para você uma idéia de tudo que eu imagino e você coloca no seu bom Português e na sua ótima capacidade de síntese, que sei que você tem. Grande abraço. Obrigado pela lembrança. Sucesso, felicidade e principalmente saúde.

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