Ano eleitoral é oportuno para discutir agronegócio

Quartistas-Agronegócio – O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp/Senar-SP), Fábio Meirelles, em seu discurso de abertura, ontem (10/4) no Fórum Estadão – Brasil Competitivo, “A Sustentabilidade no Campo II”, ressaltou a importância do agronegócio na economia brasileira, mas disse que ainda há deficiências para o aumento de competitividade e expansão. Segundo ele, não se pode pensar em agronegócio sem pensar na realidade da produção.

– Não podemos dispensar a visão social de quem trabalha nas atividades agropecuárias. Uma evolução da agricultura é melhorar, sem duvida, a produção – ressaltou.

Ele lembrou que 2014 é ano de eleições e que é “pertinente e oportuno” refletir sobre as questões e políticas públicas do setor.

– Estão reclamando de que não há um documento contendo as principais preocupações do setor para os candidatos o analisarem. Ora, o próprio seminário levanta essas questões  – declarou, completando que o agronegócio é um dos setores mais complexos da economia.

Políticas agrícolas

 

Eentre os pontos relevantes, Meirelles citou políticas agrícolas e de segurança alimentar.

– Precisamos desses princípios. Hoje, o Brasil não conta com uma necessária política agrícola. E não dispomos de instrumentos de proteção para a nossa produção – declarou.

Ele comentou que, desde 1995, a política agrícola nacional é uma agricultura sustentável, com menor intervenção do governo, mas que a consolidação desse processo ainda está em curso.

– A esteira da Faesp é defender uma política agrícola plurianual. Com um horizonte de execução de quatro a cinco anos, com programas setoriais permanentes e estabilização da renda no campo – disse. Meirelles ressaltou que, com isso, será logrado o abastecimento do campo.

Questões do campo

 

O presidente da Faesp afirmou, ainda, que as questões do campo devem ser sempre discutidas, com prioridade em abastecimento.

– Somos um país integrado. Temos de ser competitivos em todos os elos, porque uma ineficiência é ineficiência de toda a cadeia – disse, reforçando os gargalos e logística e infraestrutura que atrapalham a evolução do setor no país e no mundo.

 

Política agrícola sofre de falta de governança

O coordenador de Projetos do Centro de Estudos Agrícolas da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Mauro Resende Lopes, afirmou em seu discurso que todo ano eleitoral tem uma oportunidade para movimentos de reivindicações, mas que, no caso do setor agrícola nacional, a limitação dos pleitos esbarram no capital político.

– Dessa forma, devemos nos fixar em um conteúdo mínimo e tentar hierarquizar as prioridades, embora não seja o forte do brasileiro – declarou.

Para o especialista, a política agrícola nacional sofre de falta de governança institucional. Ele ressaltou as várias mudanças de pessoas em cargos, muitos deles, técnicos, como asaída de Ênio Marques e Célio Porto, do Ministério da Agricultura.

– Os quadros técnicos do ministério foram ‘lipoaspirados’, desidratados. A pasta perdeu a musculatura do conhecimento, a capacidade técnica, o grupo de pensadores, que é a raiz de todos os problemas do ministério – disse, completando que é impossível ter improvisação na discussão de uma política agrícola.

Pesquisa da Fiesp

 

Em sua apresentação, Lopes citou uma pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na qual aponta que as questões mais urgentes da agricultura nacional são o clima e a legislação. Com relação ao clima, o coordenador da FGV disse que, por exemplo, para mitigar efeitos negativos do clima na produção, tem de se avançar em iniciativas como a irrigação, investir em seguro rural e eliminar a insegurança jurídica no campo.

Já em legislação, Lopes informou que existem 16 Medidas Provisórias que impactam diretamente a agricultura, dentre elas, a demarcação de terras indígenas.

– É quase impossível acompanhar a velocidade da parafernália das leis nacionais. O Custo Brasil não é só logística. Na agricultura, terra e burocracia também oneram – destacou.

Por fim, o especialista mencionou que, na pesquisa da Fiesp, 57,1% dos entrevistados discordam da afirmação de que o governo brasileiro valoriza o setor agropecuário, o que impulsiona mais as reivindicações dos participantes desse segmento da economia.

 

Fonte: Agência Estado

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